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19 de ago. de 2010

URCA e um retrato da Dramaturgia no SBT


Com “Uma Rosa com Amor”, de Tiago Santiago, pensei que o SBT iria engrenar. Foram meses de uma trama que conseguiu fisgar o telespectador e já me deixou saudade. Apesar dos primeiros meses de baixos índices de audiência, a novela esboçou reação e, em seu final, marcou 10 pontos de audiência, fechando com média próxima aos 7 pontos. De fato, uma vitória.
URCA conseguiu se destacar como novela de verdade. Apesar de, no inicio, o texto ter sido didático demais, as situações um pouco forçadas e as atuações às vezes descompassadas, a novela foi saindo do lugar comum e do pieguismo. As atuações foram se alinhando e até Mônica Carvalho, para mim a pior atuação de veteranos da novela, conseguiu dar o mínimo de convencimento na reta final.
Hoje, o SBT já tem tudo para engrenar nas novelas, mas parece que jogou tudo fora. Já disse James Akel, o maior concorrente do SBT é o próprio SBT.
Primeiro, e mais difícil feito que será desperdiçado: o SBT conseguiu reunir um elenco que se tornou figura e imagem do SBT. Cláudio Lins e Tony Garrido são os grandes galãs do SBT. No youtube, em vídeos deles, às vezes se vê “declarações” ao Doutor “Clodi” e ao “frazon”, fato que só é visível na Rede Globo, na novela das 9 horas. A figura de galã e mocinha é muito importante para uma emissora e explorar essa imagem garante um bom feed-back para as próximas produções em que esses artistas participarem.
Na Globo, Mateus Solano, já que o publico o identificou como galã, é muito usado nos programas da emissora numa forma de promoção do artista e das futuras produções nas quais ele participará. Idem para Fiuk e Thiago Rodrigues. Já o SBT fez o contrario. Não usou esses artistas em seus programas e, o pior, já os liberou para outras negociações. Ou seja, desperdiçaram a imagem de elenco da casa que URCA construiu. Idiotisse! Todo o publico da novela já identificam Carla Marins, Betty Farias, Jussara freire, Clarisse Abujamra e outros como o elenco do SBT e não como ex-globais (fato que ocorre na Record).Embora a emissora relute, elenco fixo e contrato longo é importante, não só para segurar artistas, mas também para criar a imagem de elenco da emissora e permitir a promoção do elenco em outros programas no período entre as produções. Caso contrario, ficará difícil para o público criar uma identidade com as novelas do SBT.
Outra idiotisse que o SBT fez foi encurtar a novela. Embora escolhesse bem a reprise, o efeito que um a novela inédita gera no publico é muito mais positivo. Como será que o publico encara quatro reprises de novelas? Quem acompanha as noticias via internet sabe o porquê dessa decisão, mas e a dona de casa que assiste novela e comenta na rua? Será que ela comentará que a reprise é devido ao encurtamento precipitado de URCA? A imagem da emissora, além de “mexicanizada” e piega, também será de antiga e “naftalinizada”. Nada de positivo. E, embora alguns possam encarar isso como exagero meu, muitas das pessoas com quem converso vêem o SBT dessa forma. Já a imagem da Record não é assim, já que investiu em Dramaturgia de qualidade, sem orçamento apertado nem contrato por obra. Só esperou para que uma novela bombasse para que montasse um elenco fixo e com bons autores.
Além disso, o SBT insiste em estipular prazos de produção. A novela termina de ser produzida muito antes de terminar a exibição. Às vezes, a novela é produzida toda antes de ir ao ar. Dessa forma, o autor não consegue se adequar ao feed-back do telespectador, reduzindo as possibilidades de crescimento dos índices.
Por fim, o SBT não pratica a auto promoção. Quando Ribeirão do Tempo amargava o 3º lugar, com 8 pontos, a Record ficou em alerta e começou a publicidade em torno da Novela nos programas de maior audiência na casa, o que surtiu efeito. Porém, isso não foi feito no SBT. Pedir para que o apresentador anunciar a novela não é autopromoção. O que deveria ter feito era chamar parte do elenco no programa Eliana, envolvê-los em jogos, mostrar cenas engraçadas, aguçar a curiosidade do telespectador. Mas, o que fizeram foi levar Tony Garrido no QST sem fazer o jabar de URCA, levaram Carla Marins no 1 contra 100, mas a trataram como uma simples convidada. Ou seja, não fizeram com que o público das outras atrações da emissora se interessassem pela novela. E esse tipo de divulgação é muito importante para o SBT porque o publico do SBT está pulverizado entre as atrações, e não mais fixo ao SBT.
Está na hora o SBT ver os bons frutos que as novelas trazem e investir no ramo. Perceber que a novela traz público e retorno. URCA ressuscitou o horário nobre e deu fôlego à linha de show e à outra novela, Ana Raio e Zé Trovão, que são transmitidos posteriormente à novela. Além disso, o SBT Brasil tornou-se opção para os telespectadores de URCA que precisam de Jornal. Não é possível que, mesmo com todos esses bons indicativos, o SBT ainda irá ficar preso às antigas ordens de produção de novela (novela produzida com prazo apertado, com contratos temporários, orçamento enxuto e pouca publicidade)?
O SBT tem a chance de obter credibilidade frente ao telespectador e a desperdiçará! Novelas sempre têm retorno, basta saber fazê-las (e o SBT mostra-se muito promissor nesse sentido, basta ver o que Betty Faria disse em uma entrevista ao “o fuxico”) e investir bem, com bons atores, boa técnica e boas histórias. E o sbt tem potencial, basta saber usa-lo.

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