Casos de família no SBT e o programa de Márcia Goldschmidt na Band não disputam apenas a audiência do fim de tarde. São derivações de um mesmo modelo bem comum na televisão americana, uma versão moderna das arenas da antiguidade.
Não é por acaso que tanto Márcia quanto Cristina Rocha repetem bordões parecidos.
O mais comum deles é: “eu gosto de ouvir os dois lados”.O circo de Márcia tem inclusive dramaturgia, mas até a narração é choramingas. A apresentadora recebe em geral duas pessoas em situação de oposição. Insufla a plateia, comanda vaias e palmas. Ela faz render assuntos sem fôlego para um programa inteiro e usa um polígrafo para “descobrir” quem fala a verdade. Essa semana, Márcia recebeu um ex-casal com desavenças pesadas, briga física, mulher com queimaduras pelo corpo e alegando ter sido acorrentada pelo ex. Mundo cão perde. Em geral, é esse baixo astral que reina ali. Márcia não está ali para resolver o conflito, nem finge que está. Ela quer ver o debate pegar fogo e vai jogando lenha na fogueira.
Já Cristina Rocha simula um clima conciliatório.
Na platéia dela tem sempre um psicólogo, alguém que avalia a discussão com propriedade e que atribiu uma certa dignidade ao debate.Casos de família às vezes lembra aqueles programas americanos cujos cenários são tribunais de pequenas causas. Dia desses, por exemplo, a questão era uma dívida de R$ 1 mil entre duas mulheres.
A apresentadora tentou resolver o problema e conseguiu, propondo o parcelamento da dívida em dez vezes.
A credora fez doce, mas acabou topando. São programas que nunca têm muita audiência. O do SBT fica em torno dos cinco pontos. O da Band, três. No entanto, ambos despertam uma certa curiosidade a respeito do perfil de quem os assiste. Afinal, quem é que sente prazer em ver o circo pegar fogo?
por Patricia Kogut
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