“Antes de tudo, sou palhaço”, afirma Márcio Ballas; confira entrevista exclusiva com o apresentador do Cante Se Puder
Por Juliana Bacci
Quando subiu no palco para interpretar um personagem dramático e arrancou gargalhadas da plateia, Márcio Ballas descobriu que não tinha talento para as cenas tristes. Era para fazer os outros rir que deveria seguir seu caminho. E ele foi bem longe...
Aos 27 anos, formado em Marketing, largou o negócio que tinha com o irmão e foi estudar em Nova Iorque e em Paris. No exterior, viajou em expedição com o grupo “Palhaços Sem Fronteiras”, apresentando-se em Madagascar, na África, e em campos de refugiados do Kosovo, durante a guerra, em 1999. Mais do que interpretar e improvisar, Márcio aprendeu com a experiência que o riso e o bem são fortes aliados. De volta ao Brasil, integrou por quatro anos o “Doutores da Alegria”.
Na entrevista exclusiva abaixo, conheça detalhes da vida do ator, apresentador e, “antes de tudo”, palhaço que, aos 40 anos, se diz “feio, mas gente boa” e só perde o bom humor diante das injustiças do mundo e das malcriações de sua filha Luísa.
Você é formado em Marketing. Já trabalhou na área?
Ainda na faculdade, comecei a trabalhar com meu irmão. Tínhamos um negócios de materiais para escritório, para o qual me dediquei durante sete anos. Paralelo a isto, fiz teatro, mas sempre como hobbie. Eu nunca achei seguiria seguir carreira artística. Até que uma hora eu falei: “chega”. Queria trabalhar com o que gostava. Larguei tudo e viajei. Fui a Nova Iorque e a Paris para estudar. Passei três anos estudando e pesquisando.
Com quantos anos você começou a fazer teatro?
Eu comecei a fazer teatro amador com uns 12 anos. Mas quando eu tinha 23, em 1994, eu fiz um curso de “clown”. Aí, fiquei muito encantado com a linguagem e passei a fazer isso um pouco mais a sério. Eu fiz teatro na ESPM, onde eu estudei Marketing também. Mas só aos 27 anos é que eu larguei tudo, viajei e comecei a fazer teatro profissionalmente.
Como foi a experiência de integrar o grupo “Palhaços Sem Fronteiras” no exterior?
Comecei a fazer parte do grupo em Paris, onde fiquei por três anos. Fiz duas expedições com eles: uma para Madagascar, na África, e outra para o campo de refugiados do Kosovo, onde apresentávamos espetáculos nos campos de refugiados durante a guerra. A gente fazia o espetáculo, arrumava tudo, já ia para outro lugar e começava tudo de novo.
Qual a lembrança mais bacana desta experiência?
É emocionante chegar nestes lugares onde as pessoas vivem “no limite”. E, no final das apresentações, eles sempre tinham algo para nos oferecer. Em alguns lugares, eles cantavam músicas típicas, outros dançavam, muitos nos convidavam para tomar um chá ou comer alguma coisa. Era a hora deles retribuírem o que a gente estava fazendo por eles. Saí muito enriquecido da experiência. A receptividade era muito forte porque estavam num campo de refugiados, aonde não acontecia nada. Onde só chega, muito de vez em quando, uns medicamentos. Aí, de repente, chegava um carro com uns caras estranhos, uns monociclos, trapézios e isso chamava a atenção de todos.
E como você foi parar no “Doutores da Alegria”?
Quando eu voltei para o Brasil, precisa trabalhar, ganhar meu dinheiro. Antes de viajar, tinha feito um trabalho voluntário em hospitais. Quando voltei, soube que tinha uma seleção para trabalhar com o “Doutores”, que é um projeto profissional e remunerado. Então, eu passei nesta seleção e comecei a trabalhar. Fiquei quatro anos lá.
Além de atuar e apresentar, você ainda dá cursos e workshops de improviso?
Sim. Eu dirijo o espaço Jogando no Quintal, onde dou cursos para quem quer conhecer a arte do improviso e do palhaço. São cursos para iniciantes e pessoas já experientes. Tem diversos professores e também trazemos pessoas de fora para ensinar. É um espaço para pesquisa e estudo.
Você usa muito o improviso no seu trabalho no Cante Se Puder?
Uso muito porque, por mais que eu leia sobre os candidatos e o programa tenha um roteiro, a gente nunca sabe o que vai acontecer. Cada candidato reage de um jeito às provas. Um grita, o outro tem um ataque. Você tem que estar sempre atento para brincar com o que acontece na hora.
Márcio Ballas, ao lado de Patrícia Abravanel, no comando do Cante Se Puder (Foto: Roberto Nemanis/SBT)
É verdade que quando começou a trabalhar no SBT quis assistir a uma gravação do programa do Silvio Santos?
Como todo brasileiro, eu o admiro muito e tinha aquela vontade de ver um programa ao vivo dele. Então, pedi para o nosso diretor e fiquei no estúdio, vendo ele trabalhar. Percebi a capacidade dele de improvisar, falar com o público e fazer as coisas acontecerem e tudo ser divertido com tão pouco. Ele faz interessante as pequenas situações e esta é a habilidade do comunicador: fazer as coisas acontecerem com o que ele tem.
Você já encarou algum personagem dramático?
Na escola, até tentei fazer coisas dramáticas, mas não dava certo. O personagem era de drama e as pessoas acabavam rindo. Eu ficava bravo, achando que eu estava fazendo errado. Hoje, sei que não tenho talento para o drama.
O que falta realizar profissionalmente?
Tenho vontade de rodar o Brasil para apresentar meu espetáculo de improviso em outras cidades e pelo mundo. Eu gosto da ideia de viajar, de apresentar fora porque há uma troca muito grande de experiências. Também gostaria de fazer um programa de improviso na televisão.
Você se diz “feio, mas gente boa”. Leva a vida sempre com bom humor?
Eu levo as coisas com bom humor. Eu acho que a própria TV tem isso: para fazer sucesso, ou o cara é bonito, ou é esquisito. Eu sou esquisito. Eu sei que eu não sou bonito, então eu não tenho ilusão de ser um tipo físico bonito.
O que te deixa irritado?
Minha filha Luísa, de 7 anos. Criança sabe irritar um adulto! Também não gosto de coisa errada e me intrometo.
Ator, apresentador ou palhaço: qual destes títulos combina mais com você?
Eu sou um pouco de tudo isso. Mas, se eu tivesse que colocar na ordem, digo que sou palhaço, antes de tudo. Depois, vem o ator e o apresentador, nesta ordem. Mas, seu eu tivesse que escolher só um título, no fim das contas, sou palhaço.
Quando subiu no palco para interpretar um personagem dramático e arrancou gargalhadas da plateia, Márcio Ballas descobriu que não tinha talento para as cenas tristes. Era para fazer os outros rir que deveria seguir seu caminho. E ele foi bem longe...
Aos 27 anos, formado em Marketing, largou o negócio que tinha com o irmão e foi estudar em Nova Iorque e em Paris. No exterior, viajou em expedição com o grupo “Palhaços Sem Fronteiras”, apresentando-se em Madagascar, na África, e em campos de refugiados do Kosovo, durante a guerra, em 1999. Mais do que interpretar e improvisar, Márcio aprendeu com a experiência que o riso e o bem são fortes aliados. De volta ao Brasil, integrou por quatro anos o “Doutores da Alegria”.
Na entrevista exclusiva abaixo, conheça detalhes da vida do ator, apresentador e, “antes de tudo”, palhaço que, aos 40 anos, se diz “feio, mas gente boa” e só perde o bom humor diante das injustiças do mundo e das malcriações de sua filha Luísa.
Você é formado em Marketing. Já trabalhou na área?
Ainda na faculdade, comecei a trabalhar com meu irmão. Tínhamos um negócios de materiais para escritório, para o qual me dediquei durante sete anos. Paralelo a isto, fiz teatro, mas sempre como hobbie. Eu nunca achei seguiria seguir carreira artística. Até que uma hora eu falei: “chega”. Queria trabalhar com o que gostava. Larguei tudo e viajei. Fui a Nova Iorque e a Paris para estudar. Passei três anos estudando e pesquisando.
Com quantos anos você começou a fazer teatro?
Eu comecei a fazer teatro amador com uns 12 anos. Mas quando eu tinha 23, em 1994, eu fiz um curso de “clown”. Aí, fiquei muito encantado com a linguagem e passei a fazer isso um pouco mais a sério. Eu fiz teatro na ESPM, onde eu estudei Marketing também. Mas só aos 27 anos é que eu larguei tudo, viajei e comecei a fazer teatro profissionalmente.
Como foi a experiência de integrar o grupo “Palhaços Sem Fronteiras” no exterior?
Comecei a fazer parte do grupo em Paris, onde fiquei por três anos. Fiz duas expedições com eles: uma para Madagascar, na África, e outra para o campo de refugiados do Kosovo, onde apresentávamos espetáculos nos campos de refugiados durante a guerra. A gente fazia o espetáculo, arrumava tudo, já ia para outro lugar e começava tudo de novo.
Qual a lembrança mais bacana desta experiência?
É emocionante chegar nestes lugares onde as pessoas vivem “no limite”. E, no final das apresentações, eles sempre tinham algo para nos oferecer. Em alguns lugares, eles cantavam músicas típicas, outros dançavam, muitos nos convidavam para tomar um chá ou comer alguma coisa. Era a hora deles retribuírem o que a gente estava fazendo por eles. Saí muito enriquecido da experiência. A receptividade era muito forte porque estavam num campo de refugiados, aonde não acontecia nada. Onde só chega, muito de vez em quando, uns medicamentos. Aí, de repente, chegava um carro com uns caras estranhos, uns monociclos, trapézios e isso chamava a atenção de todos.
E como você foi parar no “Doutores da Alegria”?
Quando eu voltei para o Brasil, precisa trabalhar, ganhar meu dinheiro. Antes de viajar, tinha feito um trabalho voluntário em hospitais. Quando voltei, soube que tinha uma seleção para trabalhar com o “Doutores”, que é um projeto profissional e remunerado. Então, eu passei nesta seleção e comecei a trabalhar. Fiquei quatro anos lá.
Além de atuar e apresentar, você ainda dá cursos e workshops de improviso?
Sim. Eu dirijo o espaço Jogando no Quintal, onde dou cursos para quem quer conhecer a arte do improviso e do palhaço. São cursos para iniciantes e pessoas já experientes. Tem diversos professores e também trazemos pessoas de fora para ensinar. É um espaço para pesquisa e estudo.
Você usa muito o improviso no seu trabalho no Cante Se Puder?
Uso muito porque, por mais que eu leia sobre os candidatos e o programa tenha um roteiro, a gente nunca sabe o que vai acontecer. Cada candidato reage de um jeito às provas. Um grita, o outro tem um ataque. Você tem que estar sempre atento para brincar com o que acontece na hora.
Márcio Ballas, ao lado de Patrícia Abravanel, no comando do Cante Se Puder (Foto: Roberto Nemanis/SBT)
É verdade que quando começou a trabalhar no SBT quis assistir a uma gravação do programa do Silvio Santos?
Como todo brasileiro, eu o admiro muito e tinha aquela vontade de ver um programa ao vivo dele. Então, pedi para o nosso diretor e fiquei no estúdio, vendo ele trabalhar. Percebi a capacidade dele de improvisar, falar com o público e fazer as coisas acontecerem e tudo ser divertido com tão pouco. Ele faz interessante as pequenas situações e esta é a habilidade do comunicador: fazer as coisas acontecerem com o que ele tem.
Você já encarou algum personagem dramático?
Na escola, até tentei fazer coisas dramáticas, mas não dava certo. O personagem era de drama e as pessoas acabavam rindo. Eu ficava bravo, achando que eu estava fazendo errado. Hoje, sei que não tenho talento para o drama.
O que falta realizar profissionalmente?
Tenho vontade de rodar o Brasil para apresentar meu espetáculo de improviso em outras cidades e pelo mundo. Eu gosto da ideia de viajar, de apresentar fora porque há uma troca muito grande de experiências. Também gostaria de fazer um programa de improviso na televisão.
Você se diz “feio, mas gente boa”. Leva a vida sempre com bom humor?
Eu levo as coisas com bom humor. Eu acho que a própria TV tem isso: para fazer sucesso, ou o cara é bonito, ou é esquisito. Eu sou esquisito. Eu sei que eu não sou bonito, então eu não tenho ilusão de ser um tipo físico bonito.
O que te deixa irritado?
Minha filha Luísa, de 7 anos. Criança sabe irritar um adulto! Também não gosto de coisa errada e me intrometo.
Ator, apresentador ou palhaço: qual destes títulos combina mais com você?
Eu sou um pouco de tudo isso. Mas, se eu tivesse que colocar na ordem, digo que sou palhaço, antes de tudo. Depois, vem o ator e o apresentador, nesta ordem. Mas, seu eu tivesse que escolher só um título, no fim das contas, sou palhaço.
CANTE SE PUDER
Às quartas, 22h45
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