Aproximadamente 2,5 milhões de acessos no YouTube. Isso foi o que rendeu até às 13 horas de sábado um comentário de cerca de 30 segundos de Carlos Nascimento no Jornal do SBT, de quinta para sexta-feira, às 00h50. Em resumo, em 36 horas, o vídeo se tornou uma febre na rede, com média de 1157 acessos por minuto. Isso numa única reprodução do vídeo.
Muitos concordaram com o ponto de vista de Nascimento, outros não. Mas esse não é o foco. O foco é que entra a discordância e a concordância, existe a opinião, que pode ser um instrumento importante do amadurecimento e, sobretudo, da fixação de uma imagem para o jornalismo do SBT.
Tudo começou em 1988, com o TJ Brasil e lá o SBT lançava a figura do anchorman, com Boris Casoy. De mero leitor de TP e a linguagem fria de bancada, o Brasil passou a conhecer um âncora, capaz até mesmo de criticar seu patrão [Boris bateu duramente na candidatura de Silvio Santos em 1989] ou fazer uma “banana” com os braços [contra os privilégios de deputados e senadores em 1996].
Até mesmo o popular Aqui Agora fazia sua opinião às avessas. Só que ao contrário de ser o âncora o protagonista, os repórteres é que davam seu testemunho, sua opinião, seu relato factual do que acontecia naquele momento. Junto a eles, existiam vários comentaristas, desde fofocas do mundo dos famosos, até Maguila falando de economia. A postura inovadora do SBT resultou numa mudança drástica de toda a sua estrutura jornalística. Jornal Nacional popularizou, Jornal Hoje popularizou, até o Globo Ciência, pasmem, passou por reformulação.
O tempo passou, o jornalismo do SBT ficou de stand-by um tempo e voltou com uma estrutura decente a partir de 2005 e os investimentos pela vinda de Ana Paula Padrão. Só que ali surgia um jornalismo bem equipado e estruturado, para um início de trabalho, mas sem uma cara própria. Faltava ali a postura que fez do jornalismo do SBT grande e decisivo na década de 90.
E chegamos na fase atual. Fase atual que contempla uma “retirante nordestina”, Rachel Sheherazade, que veio da Paraíba após um ataque ferrenho ao Carnaval como é visto normalmente. A postura não só agradou Silvio Santos, como o chefão a trouxe para rede nacional e a colocou como âncora do SBT Brasil. Junto com ela, Joseval Peixoto, advogado e radialista de décadas, trouxe sua experiência aos comentários. No Jornal do SBT, Carlos Nascimento abre sempre seu telejornal com um comentário sobre algo de repercussão naquele dia. E nas emissoras próprias ou afiliadas, a cada dia surgem novos talentos. Os de maior repercussão atualmente cabem ao já veterano Luiz Carlos Prates (SBT Santa Catarina/Rio Grande do Sul) e a jovem Neila Medeiros (âncora do SBT Brasília).
Enquanto a concorrência se preocupa em esvaziar a repercussão do caso do BBB com a Luiza ou utiliza o BBB não como ferramenta de notícia propriamente dita, mas sim de jogo de interesses, o SBT se vê alheio a essas pressões. Prova disso existem aos montes. Nesta semana mesmo, Rachel durante o SBT Brasil bateu duramente na boneca Barbie e seu padrão de beleza. Detalhe: o SBT detém um contrato com Mattel na exibição dos filmes animados da boneca. A emissora precisa usar dessa credibilidade e independência para realçar como o público será bem melhor informado assistindo um telejornal da emissora.
Repercutir nas redes sociais pode ser bom, mas não basta. Faz-se necessário mostrar que se pode ir além do padrão global demasiadamente repetido (ou copiado) em outras emissoras. E a opinião - forte, polêmica e independente - pode ser a marca que o jornalismo precisava para crescer e fidelizar um público. Se a Luiza voltou ou não do Canadá ou se nós fomos ou não mais inteligentes, não importa aqui. Importa é o SBT se destacar, como aconteceu com Carlos Nascimento. Opinião foi feita para ser debatida, defendida e rebatida e fazendo jus ao velho ditado: falem bem ou mal, falem de nós. E esses comentários, boca-a-boca do povo, são a melhor forma de merchan que um produto jornalístico pode ter. Com via de mão dupla, só quem vê repercute, e só ao repercutir terá quem veja.
Por José Eustáquio Lopes de Faria Júnior (@juniorpitangui)
Informações: SBTPédia
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