Em seu artigo na Folha de São Paulo de hoje (10/04), o colunista Fernando de Barros e Silva afirmou que o SBT errou em dados históricos exibidos pela novela Amor e Revolução, de Tiago Santiago, que estreou nessa semana e bateu recordes de críticas.
Sobre a cena inicial da novela, que mostrou estudantes organizando guerrilha quando surpreendidos por assassinos e anti-comunistas militares, Fernando de Barros disse que “não havia, então (antes do golpe), guerrilha no Brasil. A tortura contra adversários da ditadura só seria adotada no regime depois do AI-5, em 1968”. Assim, o escritor da Folha conclui que “a novela não presta como obra de ficção nem tem valia como documento histórico”.
O RD1 fez uma pesquisa para apurar os fatos. Em um texto de Carla Aranha à Abril, ela deixa claro que “a semente da ditadura violenta que se instalaria em 1968 foi plantada em 1964 e germinou nos anos seguintes”. Até o final de 1968, ano do AI-5, a tortura ainda não tinha se tornado praxe nos cárceres brasileiros. “Ela já começava a ser praticada, mas não com a freqüência do final dos anos 60 e começo dos 70”, diz o historiador Jorge Ferreira, da Universidade Federal Fluminense. Ainda havia liberdade de imprensa.
Será que Tiago Santiago andou faltando algumas aulas de história? Ou não se interpretou bem o que a primeira cena da novela quis mostrar? São respostas que o passado não responde, principalmente numa época obscura, onde a verdade está guardecida por escoltas de mentiras.
Breno Cunha - RD1
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