Por Marcelo Marthe, Revista veja
Dois meses atrás, ao decretar o fim da revista de variedades Olha Você, que o SBT vinha exibindo sem sucesso no fim da tarde, Silvio Santos pontificou: era impossível competir naquele horário com uma atração amena.
Ele estava frustrado porque sua emissora se via acossada pela Bandeirantes, que volta e meia a ultrapassava no ibope da Grande São Paulo com os telebarracos de Márcia Goldschmidt e o policialesco Brasil Urgente, de José Luiz Datena.
Desde o último dia 4, Silvio contra-ataca com a mesma moeda. Às 16h30, colocou no ar uma versão reformulada do Casos de Família. O programa, que antes abordava conflitos familiares num tom de autoajuda, ganhou uma nova apresentadora, Christina Rocha, e agora investe nos telebarracos de forma até mais radical que Márcia. Às 17h30, Christina entrega o bastão a Carlos Massa, o Ratinho – que, depois de dois anos de geladeira, está de volta num programa que une seu humor chulo ao jornalismo popularesco. É uma resposta a Datena. As estreias de Ratinho e Christina levantaram a audiência do SBT nos primeiros dias. Mas a disputa segue indefinida. O que já se pode afirmar é que, como vem ocorrendo na TV brasileira desde os anos 90, mais uma vez os fins de tarde passam por um dos seus mergulhos cíclicos na lama. Com problemas crônicos de ibope nessa faixa de horário, a Record deverá ser a próxima a abraçar a tendência: entrará na refrega com um novo programa capitaneado pelo apresentador Geraldo Luís.
Na área dos telebarracos, a competição se dá entre uma veterana e uma novata. Márcia Goldschmidt exercita-se nesse tipo de programa desde o fim dos anos 90, quando despontou num show do SBT em que lavagens de roupa suja entre parentes ou casais resultavam, quase sempre, numa troca de sopapos. A certa altura, isso começou a afugentar anunciantes – e o Ministério Público passou a pressionar contra a baixaria. Então Márcia, que está sempre em busca do aperfeiçoamento (”Aliso os cabelos, faço luzes, pus silicone nos seios e me amarro num Botox”, diz), suavizou seu estilo. Ela ainda torna públicos os desencontros afetivos de pais e filhos, homens e mulheres, às vezes com a ajuda de um detector de mentiras, mas trocou a instigação pelo pseudoaconselhamento sentimental. Em sua estreia no filão, Christina (que começou na televisão no famigerado O Povo na TV, em 1981, e, nos anos 90, apresentou o telejornal sensacionalista Aqui Agora) faz lembrar a antiga Márcia. Seu papel é atiçar a discussão entre os participantes do Casos de Família até o ponto da gritaria. “Sou um soldado de Silvio Santos”, diz ela. Seu salário é de 40 000 reais por mês – contra 250 000 reais embolsados por Márcia. Essa última, ao menos por enquanto, não dá sinais de que vai retornar ao antigo figurino. “Eu era parte do problema das pessoas que iam ao meu programa. Hoje, sou a solução”, diz ela. Para responder à ameaça do SBT, sua aposta é um quadro em que oferece cirurgias plásticas para moças da periferia em busca de namorado.
A disputa entre Ratinho e Datena é igualmente acirrada. À fórmula do Brasil Urgente – que consiste numa imagem impactante de violência repetida vezes sem conta, enquanto Datena esbraveja contra a impunidade do criminoso – Ratinho contrapõe o seu indescritível “humor”: um de seus quadros foi um futebol de anões. Embora se declarem amigões, os dois se alfinetam. “Datena é um mal-humorado”, afirma Ratinho. Datena, que completa 52 anos nesta terça-feira, há tempos anuncia o desejo de se aposentar. Reclama que não tem mais saúde para seu trabalho. Há três anos, retirou um tumor do pâncreas. “Não sou burro, sei que tenho uma enfermidade grave”, diz.
Datena se irrita, em particular, com a Record – com a qual rompeu há seis anos e que exige dele uma indenização de 10 milhões de reais. “O dinheiro ali cai do céu”, afirma, referindo-se aos recursos que a Igreja Universal do Reino de Deus despeja na Record. Enerva-o mais ainda a hipótese de Geraldo Luís, apresentador que é uma espécie de “Datena cover”, vir a competir com ele e Ratinho. Descoberto pelos bispos na afiliada da emissora em Limeira, no interior de São Paulo, Geraldo comandava até duas semanas atrás a versão paulista do Balanço Geral, jornalístico na linha mundo-cão exibido no horário do almoço. Em breve, deverá ter uma atração nacional nas tardes. Será uma briga de pesos-pesados. Assim como Datena e Ratinho, Geraldo tem mais de 100 quilos.
Na área dos telebarracos, a competição se dá entre uma veterana e uma novata. Márcia Goldschmidt exercita-se nesse tipo de programa desde o fim dos anos 90, quando despontou num show do SBT em que lavagens de roupa suja entre parentes ou casais resultavam, quase sempre, numa troca de sopapos. A certa altura, isso começou a afugentar anunciantes – e o Ministério Público passou a pressionar contra a baixaria. Então Márcia, que está sempre em busca do aperfeiçoamento (”Aliso os cabelos, faço luzes, pus silicone nos seios e me amarro num Botox”, diz), suavizou seu estilo. Ela ainda torna públicos os desencontros afetivos de pais e filhos, homens e mulheres, às vezes com a ajuda de um detector de mentiras, mas trocou a instigação pelo pseudoaconselhamento sentimental. Em sua estreia no filão, Christina (que começou na televisão no famigerado O Povo na TV, em 1981, e, nos anos 90, apresentou o telejornal sensacionalista Aqui Agora) faz lembrar a antiga Márcia. Seu papel é atiçar a discussão entre os participantes do Casos de Família até o ponto da gritaria. “Sou um soldado de Silvio Santos”, diz ela. Seu salário é de 40 000 reais por mês – contra 250 000 reais embolsados por Márcia. Essa última, ao menos por enquanto, não dá sinais de que vai retornar ao antigo figurino. “Eu era parte do problema das pessoas que iam ao meu programa. Hoje, sou a solução”, diz ela. Para responder à ameaça do SBT, sua aposta é um quadro em que oferece cirurgias plásticas para moças da periferia em busca de namorado.
A disputa entre Ratinho e Datena é igualmente acirrada. À fórmula do Brasil Urgente – que consiste numa imagem impactante de violência repetida vezes sem conta, enquanto Datena esbraveja contra a impunidade do criminoso – Ratinho contrapõe o seu indescritível “humor”: um de seus quadros foi um futebol de anões. Embora se declarem amigões, os dois se alfinetam. “Datena é um mal-humorado”, afirma Ratinho. Datena, que completa 52 anos nesta terça-feira, há tempos anuncia o desejo de se aposentar. Reclama que não tem mais saúde para seu trabalho. Há três anos, retirou um tumor do pâncreas. “Não sou burro, sei que tenho uma enfermidade grave”, diz.
Datena se irrita, em particular, com a Record – com a qual rompeu há seis anos e que exige dele uma indenização de 10 milhões de reais. “O dinheiro ali cai do céu”, afirma, referindo-se aos recursos que a Igreja Universal do Reino de Deus despeja na Record. Enerva-o mais ainda a hipótese de Geraldo Luís, apresentador que é uma espécie de “Datena cover”, vir a competir com ele e Ratinho. Descoberto pelos bispos na afiliada da emissora em Limeira, no interior de São Paulo, Geraldo comandava até duas semanas atrás a versão paulista do Balanço Geral, jornalístico na linha mundo-cão exibido no horário do almoço. Em breve, deverá ter uma atração nacional nas tardes. Será uma briga de pesos-pesados. Assim como Datena e Ratinho, Geraldo tem mais de 100 quilos.
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